Famílias e Relacionamentos

domingo, 10 de outubro de 2021

 

Instruções Práticas Sobre Interpretação de Textos Bíblicos

Parte 1


A interpretação de textos requer habilidade de raciocínio e uma forma de ver as coisas com e ou, de perspectivas diversas e em determinados contextos. Muitas vezes estes contextos diversos têm especificidades que devem ser vistas com novos olhos, novas perspectivas. Este fato por si só, torna tudo de alguma forma complexo, mas não incompreensível, ele é com certeza passível de compreensão!


Este artigo, não pretende esgotar o tema, seria insanidade intelectual pensar que algumas páginas pudesse esgotar quaisquer que sejam o tema, e muito menos entrar na parte mais técnica; regras gramaticais, semântica, etc., mas sim tentar mostra a complexidade que há nas coisas e nas palavras e que seus contextos são imprescindíveis, e tem a capacidade de nos fazer enxergar o que verdadeiramente estamos vendo, lendo e ou ouvindo. Mas claro que não poderíamos deixar de ver algo no sentido mais técnico!

 

A comunicação ou o processo comunicativo requer necessariamente que haja no mínimo duas pessoas envolvidas, e neste contexto, não apenas suas palavras, ideias e até mesmo gestos fazem parte do processo comunicativo, mas ambos. Mas isto não quer dizer necessariamente que isto seja imprescindível, pois de certa forma há comunicação entre um remetente e um destinatário de uma carta, quando esta chega a seu destino e é lida!

 

Este é o conceito básico, mas imprescindível que devemos entender. Justamente por isto que não há a possibilidade de que no processo exista elementos separados do mesmo. Aqui é bom considerarmos que ao expandirmos este entendimento, há comunicação entre duas pessoas através de uma carta como já falamos, mesmo sem que estejam presentes o remetente e o destinatário no momento de se ler a mesma, mas a mensagem em si, após lida pela outra parte, faz que a comunicação tenha ocorrido. Mas o porquê disto ser importante?

Ora, sendo a comunicação composta de mecanismos inseparáveis, onde existe meio começo e fim, sem contar que muitas vezes de fontes diversas ao se defender a ideia de alguém no processo comunicativo, por exemplo, e sendo assim, não se pode dizer que esta ideia partiu deste ou daquele contexto, sem que tenhamos que analisar o todo! Neste sentido, as fontes de informações são importantíssimas para que se tenha a compreensão devida do texto, de seu teor, do que ele realmente quer nos dizer. Desta forma podemos dizer que o processo comunicativo tem suas peculiaridades, suas particularidades e diversas fontes de informações que o alimenta e por isto que ele tende a ter vários significados e sentidos, conclusões que podem convergir em entendimento de todos, ou divergir de alguma forma com alguns... ou seja, a comunicação quando está sendo criada, quando está sendo praticada, seja em uma simples conversa e ou discussão, ela pode ir em diversas direções e sentido, pois cada um poderá ter perspectivas diversas sobre determinado assunto, pensamentos diferentes um dos outros...

 

Neste contexto vale lembrar que se o processo comunicativo for sobre um livro; a título, por exemplo, sobre o processo comunicativo e interpretativo, que neste caso é o que mais nos interessa, temos que levar em consideração tudo sobre o autor, o escritor do livro, suas ideias, seus pensamentos e muitas vezes suas influências, sempre que possível, pois desta forma vamos ter mais recursos intelectuais e de conhecimento para descobrirmos exatamente qual é a ideia principal de sua obra, seja esta, um livro, um artigo, um quadro, ou apenas uma frase ou fala do mesmo.

 

Interpretar um texto, requer uma leitura atenta do que se está lendo, e é imprescindível que se tenha um conhecimento prévio sobre o assunto em questão, quais os elementos principais e suas ideias sobre o mesmo, pois isto torna-se de fundamental importância para podermos determinar os objetivos e intensões contidas no texto de forma que possamos interpretá-lo correta e adequadamente. Neste contexto, o conhecimento e domínio da língua é de fundamental importância e isto só se adquire com a prática da leitura e da escrita. Desta forma, as várias histórias e ou opiniões diversas das nossas, nos coloca em contextos, ideias e pensamentos diversos e isto enriquecerá nosso conhecimento linguístico e facilitará de forma substancial nossa capacidade de compreender e interpretarmos quaisquer textos.

 

É interessante ressaltarmos aqui, que Agostinho de Hipona, ou ainda Aurélio Agostinho, tinha uma forma peculiar de interpretação alegórica. Sua forma de interpretação, nos faz lembrar das “Parábolas de Cristo”, pois ao analisarmos e ao nos aprofundarmos em suas Parábolas, conseguimos perceber o quão significativas, incisivas e profundas elas são, principalmente considerando determinados conceitos. Suas inferências, foram tão profundas, que ficaram tão arraigada na vida das pessoas, não apenas de sua época, mas até hoje, de forma que a reflexão sobre as mesmas tornava-se impossível que inexistisse, e foi justamente por isto que elas são até hoje vistas e estudadas em todo o mundo... da mesma forma, Agostinho de Hipona neste contexto nos deixou um legado promissor e de fundamental importância, tendo em vista que só entenderemos mesmo algo, depois de vermos, e logo após enxergarmos este algo e desta forma tenhamos as reais condições, ou seja, os verdadeiros meios, os meios mais adequados para que saibamos de que verdadeiramente se trata este algo, embora que incompletos ou imprecisos, apesar de os termos enxergado; mas a complexidade das coisas nos mostra que devemos ser prudentes. Para entendermos isto, basta pensarmos em o que a ciência nos diz a respeito, por exemplo, do simples ato de mastigar, quais suas funções e benefícios que este simples ato nos traz!?

Ora da reflexão!

Santo Agostinho, o Agostinho de Hipona, foi um homem que de certa forma transpassou seu tempo. Foi um retórico extraordinário, versado em artes clássicas, possuidor de grande habilidade com as palavras, fazendo com elas o que muitos de sua época não conseguiam. Com sua habilidade de articulação e com as palavras bem arquitetadas; que era natural de sua comunicação, deixava aos superficiais sempre sem argumentos. Outro fato interessante de Agostinho, é que seu conhecimento profundo, tanto em relação a filosofia; embora alguns erroneamente não o considera filósofo, quanto em relação as “Escrituras Sagradas”, que por mais hábil, conhecedor e profundo alguns fossem em sua época e em relação ao conhecimento, eles tinham dificuldades de acompanhar o entendimento e raciocínio de Agostinho, em outras palavras, a retórica de quem tentava refutar suas ideias, sempre caiam por terra, prova disto é que até hoje ele é alvo de estudos de renomados especialistas contemporâneos nosso e até hoje ele também é estudado nas melhores Universidades do mundo...

 

Santo Agostinho construiu um sistema filosófico, mesmo que não um sistema completo, mas ainda assim, um sistema de ideias básicas que de certa forma compõe a fundamentação dos pensamentos contemporâneos em vários sentidos e aspectos. Apesar de seus pensamentos está um tanto quanto fundamentado nos pensamentos de Platão, mas estão fundamentados em uma razão pautada na ética e na moral...

 

Da mesma forma, Tomás de Aquino, outro que contribuiu grandemente com a linha de pensamento contemporâneo, em seus estudos e pesquisas, tanto no campo religioso quanto acadêmico, em suas reflexões, isto de acordo com Huberto Rohden, nos diz:

 

Tomás de Aquino, depois de ter escrito quase toda a suma teológica (Summa Theologiae) e a (Summa Gentiles), teve uma visão e nela uma revelação, que depois da mesma, de acordo om alguns estudiosos, nunca mais escreveu nada, e quando foi interrogado a este respeito, de o porquê de seu silêncio, ele respondeu: "Tudo o que escrevi, é palha". É claro que nem por isto significa dizer que ele perdeu sua fé...!

 

"É que nosso cristianismo teológico foi, desde o princípio, padronizado para uma humanidade espiritualmente infantil - e estranhamente, até hoje não ultrapassou ainda esse padrão primitivo. Para certa igreja cristã, o maior teólogo é Tomás de Aquino, que codificou quase toda a teologia tradicional do ocidente; mas esse mesmo teólogo, depois de escrever a Summa Theologiae e a Summa Contra Gentiles, teve uma visão ou revelação, depois da qual nunca mais escreveu uma palavra, e, interrogado pelo motivo desse silêncio, respondeu: ‘Tudo o que escrevi é palha’"
(A Sabedoria das Parábolas' de Huberto Rohden, Martin Claret, 1ª. edição 2004. Pág. 145)

 

Percebam que apesar de suas palavras de referirem a questões teológicas, mas em suma, ele percebeu que todo seu entendimento era tão complexo que, da mesma forma que Salomão em “Eclesiastes”, sentiu-se vaidoso, como quem nunca chegasse a verdade dos fatos.


Bom, mas em que isso contribui em nosso processo comunicativo!? Simples, o raciocínio lógico utilizado nesta sua conclusão, demonstra o processo de interpretação como algo tão complexo, que não pode se prender a um única frase e ou pensamento, mas em todo um contexto diverso e muitas vezes diz respeito a várias personagens e ou contextos diversos externos, como já vimos na introdução deste artigo.

 

Tomás de Aquino escreveu inúmeras obras, nestas obras ele enfatizou a razão e a vontade humana, formulando assim, um novo pensamento filosófico cristão.

 

Entendam! Caso não tenhamos “Discernimento Espiritual”, para entendermos os textos Bíblicos, iremos interpretá-los, como queremos, sem um mínimo de responsabilidade que isto requer, e ocorrerá da mesma forma, com um simples texto em português, mesmo que isto em nada tenha a ver com as “Escrituras Sagradas”, isto é fato...

 

Além do mais, o “Discernimento Espiritual”, nos faz ser prudentes a ponto de atentarmos para as estruturas e regras gramaticais, sem as quais não iremos entender os textos que ali estão! Como por exemplo, um simples erro de português ou omissão de uma única letra, poderá mudar todo o entendimento!

 

Por exemplo!

 

Segundo e seguindo...

 

Eu tenho feito tudo segundo ele...

Eu tenho feito tudo seguindo ele...

 

Agora amados! Deixemos o fato, a questão de sermos Cristãos, um pouco de lado, para que os amados entendam, em vez de criticar!

 

Minha filha, por exemplo, esta realizando alguns dos sonhos dela, assim como meu filho, para Honra e Glória de Nosso Senhor Jesus Cristo; mas um deles é ir morar no Canadá, a minha filha, ainda a ser realizado!

Digamos que ela vá e lá ela fará outra Faculdade, outra Graduação ou Pós-Graduação e conheça um Professor(a) do qual ela admire(a), pois o mesmo é inteligente, bem sucedido e inspirador; e alguns alunos, motivados, incentivados com isto, procura também um futuro melhor, profissionalmente falando, daí procura se capacitar se Graduando ou se Pós-Graduando. Considerando isto, digamos que alguém chega para ela e diz, a respeito deste(a) professor(a):

 

Eu tenho feito tudo segundo ele...

Isto dar a entender que é sobre sua “Orientação Acadêmica”, já que estamos aqui falando de Faculdade. E realmente trata-se disto, tendo em vista que é o que se disse com esta preposição!

 

Pois de acordo com os Dicionários, temos:

 

Dicionário de Sinônimos

https://www.sinonimos.com.br/de-acordo-com/

 

Conforme:

1 conforme, segundo, como, consoante, em concordância com, em conformidade com.

Exemplo: De acordo com o que está escrito no regulamento, esse tipo de comportamento não será tolerado.

 

Dicio, Dicionário Online de Português

https://www.dicio.com.br/segundo/

 

preposição

Em conformidade com; de acordo com; conforme: segundo o juiz, o goleiro é realmente culpado.

 

Dicionário Online Priberam de Português

https://dicionario.priberam.org/segundo

 

preposição

10. Indica conformidade ou concordância com algo ou alguém (ex.: segundo as informações que recebemos, vai haver troca de ministro). = CONFORME, CONSOANTE, DE ACORDO COM

"segundo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/segundo, [consultado em 10-10-2021].

 

Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa v3.0 de Jun/2009

Segundo:

preposição

1 - de acordo ou em harmonia com; conforme, consoante

Ex.: a psicanálise s. Jung

 

 

Mas se este mesmo alguém diz:

 

Eu tenho feito tudo seguindo ele...

Já aqui, deixa claro que todos os seus passos, devem ser seguidos, diferente das palavras ditas anteriormente, que se tratava de uma orientação. Aqui faz mais sentido, se considerarmos o que foi dito, que é seguindo todos os seus passos Acadêmicos, cursos, pós-graduação e principalmente; literalmente falando, ir até mesmo aos locais que ele vai, considerando aqui a questão Acadêmica, etc.

 

Ou seja, ainda, seguindo-o, a partir daquele momento! É bom salientar! Que aqui, limita-os às Graduações e Pós-Graduações que o Professor fez, já a primeira frase deixa claro que se trata de uma orientação, que poderá sim ser a respeito de suas mesmas Graduações, mas que também abrange algo a mais, que não é limitativa, como esta segunda, que se limita ao professor(a) e suas atitudes em relação alo processo acadêmico de formação!

 

Veja bem, uma coisa é um aluno seguir as orientações de um professor e ir além delas, outra coisa é ficar limitado apenas ao que o professor foi, ou conquistou!

 

Perceberam amados!


Agora vamos para as “Escrituras Sagradas”!

 

Amados! Não existe em lugar algum, nas “Escrituras Sagradas”, no Novo Testamento, “Cristo” nos dizendo: “Não terás outros deuses diante de mim”, não com todas estas letras, ou alguma delas, como está escrito em Êxodo 20:3 e Deuteronômio 5:7, 1º(primeiro) Mandamento...

 

O que vemos é o próprio “Cristo”, nos falando diretamente de alguns dos Mandamentos em, Mateus 19:18-19, Marcos 10:19 e Lucas 18:20, dentre outras passagens, assim como temos Paulo falando de alguns dos Mandamentos em, Romanos 13:9 e Tiago em, Tiago 2:11...

 

Lucas 18:20 - “Sabes os mandamentos: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; honra a teu pai e a tua mãe”.

 

Não adulterarás: 7º Mandamento, Êxodo 20:14 e Deuteronômio 5:18;

Não matarás: 6º Mandamento, Êxodo 20:13 e Deuteronômio 5:17;

Não furtarás: 8º Mandamento, Êxodo 20:15 e Deuteronômio 5:19;

Não dirás falso testemunho: 9º Mandamento, Êxodo 20:16 e Deuteronômio 5:20;

Honra a teu pai e a tua mãe 5º Mandamento, Êxodo 20:12 e Deuteronômio 5:16;

 

Paulo:

Romanos 13:9 - “Com efeito: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”,

 

Tiago:

Tiago 2:11 - “Porque o mesmo que disse: Não matarás. Ora, se não cometes adultério, mas és homicida, te hás tornado transgressor da lei.”


Agora, pergunta! O fato de “Cristo”, não nos ter dito isto, significa dizer, que poderemos ter outros deuses diante de nós? E que ele não falou disto de alguma outra forma? Claro que não! O fato de “Cristo”, não ter abordado determinados assuntos é pelo simples fato de que já foi dito e como foi dito, deve ser seguido! É bom salientar, que aquilo que ele falou, considerando aqui o Antigo Testamento, ele procurou dar-nos o verdadeiro entendimento, muito embora muitos ainda preferem não entender, como é a questão do sábado!

 

Mas quando ele nos diz, por exemplo, em, João 14:21, falando-nos dos Mandamentos, ele esta nos dizendo, nos falando, para guardarmos seus mandamentos, que ele mesmo os determinou, desde a fundação do mundo! Assim como ele nos fala a respeito do reino que preparou para nós desde a fundação do mundo em, Mateus 25:34!

 

João 14:21 - “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele”.

Mateus 25:34 - “Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”;

 

Amados! Nem tudo que e ou como estar escrito no Antigo Testamento, “Cristo” abordou exatamente da mesma forma! Não havia necessidade, pois já foi dito, e como foi dito, deve permanecer. Ele preocupou-se no que era mais importante, mudar; como por exemplo, ele nos diz que devemos amar nossos inimigos, ao invés de odiá-los, nos ensinar, nos fazer entender e praticarmos sua palavra da forma correta, para que através disto; e isto não há incoerência nenhuma, pois o próprio “Cristo” é a “Palavra Viva”, obtenhamos nossa Salvação!


Até o próximo estudo amados!

Fiquem com “DEUS”...

Rogério Silva

 

Referências:

Rohdem, Huberto. Sabedoria das Parábolas / Huberto Rohdem. Os Ensinamentos de Jesus e a Mística das Beatitudes. (Coleção a Obra-Prima de Cada Autor), texto integral, 222p., Martin Claret, 1ª. edição 2004. ISBN: 8572321543, ISBN-13: 9788572321549