A
Ponte, o Barco e o Rio...
Conclusão Part.
1-2 - O Paraíso de Lucas 16.19-31
Amados! De acordo com
o entendimento das “Escrituras Sagradas, ”(Seio,
quer dizer: Posição junto ao, ou, junto a...). Quando “Cristo”, ilustrando
em sua história, sendo ela uma Parábola ou não; na verdade, isto é o que menos
importa, mas sim seu teor teológico, uma realidade da qual todos, precisavam
saber, ele, “Cristo”, falou-nos de um mendigo chamado Lázaro, que, ao morrer,
foi levado “para junto ao seio de
Abraão”, e João menciona Jesus estando “junto ao seio do Pai”, conf.
Jo 1:18 e Luc. 16:22, 23;. A expressão “junto
ao seio”, fazendo alusão a alguém se recostar no peito de outro, no
mesmo leito, em uma refeição, como era costume Judaico, de certa forma implica
em intimidade, da qual só existe entre no mínimo, amigos, também denota o elo
que existe entre as pessoas deste leito, portanto, era de costume Judaico este
proceder e foi justamente usando deste argumento, que “Cristo”, tentou; isto
mesmo, “tentou”; no sentido de
que, ou seja, tendo em vista, que muitos ainda não entenderam, a nos ensinar
sobre a vida após a morte!
Os convidados
recostavam-se sobre o lado esquerdo, com um travesseiro para apoiar o cotovelo
esquerdo, ficando a mão direita livre. Era de costume, que três pessoas ocupassem
o mesmo leito, mas podia haver até cinco pessoas. A cabeça de cada uma ficava
perto ou encostada como que no peito, ou seio, da pessoa atrás dela. Quem não
tinha ninguém atrás de si era considerado como ocupando a posição mais elevada,
e quem estava na frente dele, a segunda posição de honra. Visto que os
convidados estavam assim perto uns dos outros, era costume que amigos fossem
colocados junto de amigos, o que tornava bastante fácil manter uma conversa
confidencial, particular, quando desejado. Ocupar tal posição junto ao seio de
outro num banquete significava ocupar um lugar de favor especial perto daquele
em que se encontrava, vemos isto retratado muito bem em alguns filmes romanos!
Amados! É justamente
este o entendimento que devemos ter desta passagem, independente de ela ser uma
parábola ou não! Aquele que estava no seio de Abraão, estava justamente em
favor concedido por “DEUS” àqueles que por seguir os preceitos Divinos, estavam
aguardando a justiça Divina, logo após a restauração de todas as coisas, conf. Apoc. 6:9-11, logo depois que,
tanto a morte, quando ao impio e ao inferno, serão jogados no lago de fogo e
enxofre, conf. Apoc. 20:11-15.
Amados! Temos
que entender, que a “Maravilhosa Palavra de DEUS”, não irá mudar nem por mim e
nem por ninguém, ela é imutável, inviolável é a “Palavra da Verdade”, nos dada
para nossa Salvação, justamente pro isto é melhor irmos em favor dela, que
contra ela!
O
juízo final
Apocalipse 20:11-15 - “E vi um grande
trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiram a terra
e o céu; e não foi achado lugar para eles. - 12 E vi os mortos, grandes e
pequenos, em pé diante do trono; e abriram-se uns livros; e abriu-se outro
livro, que é o da vida; e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam
escritas nos livros, segundo as suas obras. - 13 O mar entregou os mortos que
nele havia; e a morte e o hades entregaram os mortos que neles havia; e foram
julgados, cada um segundo as suas obras. - 14 E a morte e o hades foram
lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. - 15 E todo
aquele que não foi achado inscrito no livro da vida, foi lançado no lago de
fogo.”
Desta forma, amados, buscar justificativas, para
defender alguns interesses obscuros, é “Insanidade
Espiritual” e resignificar de forma errônea o verdadeiro sentido da
“Maravilhosa Palavra de DEUS” é condenação de inferno, tendo em vista que,
distorcer as verdades de “DEUS” e implica em um mal do qual, não nos trás a Salvação!
O entendimento que se deve ter é justamente este, de um favor “Especial” que todos àqueles que
verdadeiramente são servos de “DEUS” tem, junto ao pai, em seu seio, ou seja,
no seio de Abraão!
Assim, o Apóstolo
João, a quem Jesus amava muito, “recostava-se
no seio de Jesus”, e nesta posição “se
encostou junto ao peito, ao seio de Jesus” e fez-lhe em particular uma
pergunta, na celebração da última Páscoa, conf.
Jo 13:23, 25; 21:20. Por estes motivos, João, ao descrever “a posição especial de favor”
usufruída por ele junto a “Cristo” e este, sendo a própria Imagem e Semelhança
do pai, enquanto homem; junto ao pai, ele estava “na posição junto ao seio” do “Pai”, recebendo, portanto, os
favores que esta posição lhe concedia por direito. Do mesmo modo, na ilustração
que “Cristo” fez sobre Lázaro, foi levado para “a posição junto ao seio” de Abraão, indicando que este
mendigo, por fim, passou a ocupar uma posição de favor especial junto a alguém
que lhe era superior, neste caso, Abraão, que representa o paraíso que “DEUS”
tem preparado para o homem, como no princípio, no Édem, assim como será no futuro,
no novo Édem!
Agora vejam só amados!
João 1:18 - “Ninguém jamais viu a Deus. ‘O Deus unigênito’, que está ‘no seio do Pai’,
esse o deu a conhecer.”
Percebam amados! Que uma das desculpas que se usa
para descaracterizar o verdadeiro sentido desta passagem de Lucas 16:19-31, é
que, como pode Abraão estar junto de seu próprio seio! Pois é, amados,
portanto, como pode em, João 1:18, o próprio “DEUS” estar em seu seio! Vejam, não
pode! Não faz muito sentido, por isto que esta passagem estar falando-nos de
“Cristo”, no seio de “DEUS”!
Amados! Mas se considerarmos, que esta passagem
estar nos falando dos favores obtidos por àqueles que, verdadeiramente são
servos de “DEUS”, junto a ele, “DEUS”, passamos a entender que o fato de ela
nos dizer que Abraão estando ali em seu seio, significa que ele estava em lugar
do qual ele conquistou junto ao pai e que o privilegiava, tanto a ele, quanto àqueles
que por ser servo, também mereciam estar ali, recebendo os favores Divinos e
como Abraão, ou seja, em Abraão, “DEUS” lhe tinha prometido uma grande nação
como uma benção, conf. Gên. 12:2, ele,
não só por este motivo, mas também por muitos outros, passou a representar
muita coisa do aspecto Divino e, portanto Espiritual!
Gênesis 12:2 - “Eu farei de ti uma grande nação;
abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção.”
Amados! A Parábola é uma história que Jesus contava
para ilustrar um assunto especial e sempre verdadeiro, como por exemplo, “o grande dragão, a antiga serpente”,
referindo-se a satanás, conf. Apoc.
12:9. Por isto, era sempre usado em forma de alegorias, uma representação, para
que pudéssemos refletir em analogia, sobre determinado assunto. Sendo assim, cada
elemento da Parábola, representa algo especial, colocado em determinadas
situações e perspectivas, em que, quando Jesus queria falar, abordar algum assunto
importante, ele usava deste artifício, assim como usamos em nossa língua
portuguesa e ele, “Cristo” o fez se referindo ao céu, ao paraíso, conf. Mat. 13:10-11, desta forma, nos
fazendo aprender sobre suas verdades!
Mateus 13:10-11 - “E chegando-se a ele os
discípulos, perguntaram-lhe: Por que lhes falas por parábolas? - 11
Respondeu-lhes Jesus: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos
céus, mas a eles não lhes é dado;”
A própria “Palavra de DEUS”, amados, nos diz que
algumas coisas, são figuras de outras! É bom lembrarmos ainda, que existem
tipologias nas “Escrituras Sagradas” e que, mesmo assim, devemos tomar cuidado,
pois a própria “Escrituras Sagradas” nos revela, por exemplo, que satanás nos
ronda, em nosso derredor, rugindo como um leão, conf. 1 Ped. 5:8, mas também nos diz que Cristo é o Leão da tribo
de Judá, conf. Apoc. 5:5, portanto,
afirma categoricamente, que Cristo “é
o Leão da tribo de Judá”, mas sabemos que isto é pura figura de
linguagem, portanto, ambas as comparações, não estão erradas, mas foram usadas
para que entendêssemos a posição de cada um e o Leão neste caso, denota algo
feroz, poderoso e por ser considerado o rei da selva, foi usado, para
representar a importância na passagem Bíblica, dando a esta um sentido de forma
que todos pudessem entender mais facilmente. Mas tem gente que infelizmente, quer
verdadeiramente, acreditar, naquilo que lhe é mais conveniente!
Mas lembrem-se! Após estarmos “no seio de Abraão” ou no inferno, não há mais volta, dai,
uns serão ressuscitados para a vida eterna, quem estar “no seio de Abraão” e outros para a perdição eterna, quem
estar na condição do rico da passagem de Lucas 16:19-31, no inferno, conf. He. 9:23; Jo. 16:25; Mat. 24, 25 e
2 Tes. 1:9...
Mini Aurélio
Dicionário Eletrônico V5.12.83
Pa.rá.bo.la2
Subst. fem.
Narração alegórica na qual o conjunto de elementos evoca outra realidade de ordem superior.
História curta com analogias para contar verdades espirituais. 3. Uma narrativa em que as pessoas e fatos correspondem às verdades morais e espirituais
Narração alegórica na qual o conjunto de elementos evoca outra realidade de ordem superior.
História curta com analogias para contar verdades espirituais. 3. Uma narrativa em que as pessoas e fatos correspondem às verdades morais e espirituais
Dicionário
Houaiss da Língua Portuguesa v3.0 de Jun/2009
Parábola
Parábola
Acepções
substantivo feminino
1 narrativa alegórica que transmite uma mensagem indireta, por
meio de comparação ou analogia
1.1 narrativa alegórica que encerra um preceito religioso ou moral,
esp. as encontradas nos Evangelhos
Ex.: a p. do filho
pródigo
2 Rubrica: geometria.
lugar geométrico dos
pontos em um plano cujas distâncias a um ponto fixo e a uma reta fixa são
iguais
Etimologia: gr. parabolê,ês 'comparação, aproximação'
Amados! “Cristo” usou de alguns costumes
e muito da cultura Judaica, até mesmo da grega, pois sendo algo comum entre
eles e que já estava impregnado em aquela cultura, para que eles pudessem
entender facilmente, como é o caso do Lava-Pés, por exemplo! Amados, não que
ele apoiasse de um todo preceitos gregos ou troianos, mas utilizou-se destes costumes
e cultura, para poder tornar mais acessível, principalmente àqueles que tinham
o interesse em aprender sobre as verdades que provinha de “DEUS”, o que
significa dizer, que ele, “Cristo”, sabia da importância daquela cultura e
aproveitou do que elas tinham de verdades e as moldou, para que aquele povo
aprendesse de “DEUS”!
Amados! É sabido a respeito da cultura
Judaica, que os viajantes ao chegar à casa de alguém, eram recebidos pelo chefe
do clã ou dono da casa e o mesmo providenciava que os pés daquele viajante,
fosse lavado devido à poeira do deserto que era desgastante e contribuía para
que o esgotamento físico aumentasse, assim como, o se lavar após um dia inteiro
de caminhada, inclusive, quando algum deles ia ao mercado comprar algo e se
retornasse na hora de suas refeições eles não faziam, ou seja, não participavam
da mesma sem antes, se lavar!
Amados! Lembrem-se, “Cristo” condenou algumas
tradições, não por elas mesmas em si, só pelo fato de elas existirem, na
verdade era bom que algumas, não todas, existissem, isto no caso de algumas, mas
sim, por fazerem delas um meio para se obter a salvação, pois isto é insano!
Amados! De acordo com o Comentário Bíblico Ed. Atos - Novo
Testamento - Craig S. Keener, esta tradição
era de entendimento comum entre os Judeus. Vejamos o que ele nos diz, a este
respeito!
Comentário
Bíblico Ed. Atos - Novo Testamento - Craig S. Keener.
16.19-31
O
Rico e o Pobre
“Esta história assemelha-se a uma historia rabínica
de data desconhecida, exceto que nela o rico praticou uma boa ação e a fez no
mundo vindouro; aqui, ele permite a fome enquanto vive no luxo e, assim, herda
o Inferno. Alguns detalhes sobre a vida apos a morte aqui são padrões da tradição
judaica; outros são simplesmente necessários por causa da linha narrativa
(pratica aceitável ao contar Parábolas).
16.19. Purpura era uma forma especialmente cara de vestuário (cf. comentário
em At 16.14); o modo de vida que Jesus descreve aqui e de ostentação e luxo.
Embora este homem possa ter ficado rico por uma questão imoral (como as pessoas
normalmente ficam), o único crime que Jesus atribui a ele e que deixou Lázaro
passar fome ate morrer quando podia ter feito alguma coisa.
16.20. Algumas Parábolas judaicas (incluindo uma rabínica
mencionada no começo dessa seção) nomeavam um personagem ou dois.
16.21. Migalha aqui pode ser migalhas comuns ou pedaços de pão
usados para comer
junto com sopa. Se Lázaro tivesse comido as sobras, ainda seriam
insuficientes para
sustentá-lo. Os cachorros aqui parecem ser o tipo comum que os
judeus palestinos conheciam: vira-latas, vistos como se eles fossem ratos ou
outras criaturas doentes (também no * Antigo Testamento, p. ex., 1 Rs. 14.11; 16.4;
21.24; 22.38). Eles eram sujos, e suas línguas lambiam suas feridas.
16.22. 23. O costume judeu normalmente fala dos justos sendo
carregados pelos anjos; Jesus mostra a tradicional imagem correspondente do mau
sendo carregado por demônios. Cada pessoa, não importa quanto pobre seja,
merecia um funeral, e não ser enterrada parece terrível (p. ex., 1 Rs. 14.13).
Mas Lázaro, não tendo nem parentes nem um patrono caridoso, não teve direito a
um, ao passo que o rico recebia grandes elogios. Os verdadeiros israelitas e
especialmente os mártires esperavam compartilhar com Abraão no mundo que vira. O lugar de maior honra em um
banquete e o mais perto do anfitrião, reclinando-se de tal modo que a cabeça esteja
perto do peito.
16.24-26. A literatura judaica normalmente retrata o Inferno como
envolvido em chamas. O rico esperava por piedade porque é um descendente de Abraão
(ver comentário em 3.8), mas o julgamento aqui e baseado em uma futura inversão
de status. Os judeus esperavam uma inversão de status, onde o oprimido justo (especialmente Israel) fosse exaltado acima do oprimido mau
(especialmente os gentios). Também acreditavam que as pessoas caridosas seriam
largamente recompensadas no mundo que vira. Mas esta *Parábola especifica
somente a inversão econômica, e sua realização seria ofensiva para muitos
ouvintes do século I, assim como para muitos cristãos ocidentais da classe
media hoje, se eles a conhecessem em sua forca original.
16.27-31. Se aqueles que reivindicavam acreditar na Bíblia
falhassem em viver adequadamente, ate a ressurreição (que Jesus aponta a frente
sozinho) não os persuadiria. A literatura também enfatizava a responsabilidade
moral de todos para obedecer qualquer medida de luz que já tivessem.”.
Amados! Vejamos agora o comentarista Russell Norman Champlin, em
seu comentário sobre Lucas, o que ele nos diz a respeito!
Comentário
Bíblico Antigo Testamento e Novo Testamento Interpretado Versículo por
Versículo de Russell Norman Champlin, Lucas
16:19-31...
16:19 - PARÁBOLA DO RICO E LÁZARO:
“Alguns fazem objeção ao
vocábulo «parábola», quando aplicado a esta narrativa; porém, posto que
as parábolas são usadas como símbolos de realidades
espirituais, na realidade pouca diferença faz se usarmos ou não este
termo no caso em foco. Não haveríamos de dizer que as
palavras de Jesus, revestidas na forma de parábolas, são reflexos menos
reais das realidades espirituais do que aquelas suas afirmações feitas sem tal
simbolismo.
O MATERIAL aqui
exposto se encontra somente no evangelho de Lucas, e provavelmente se alicerça
na fonte informativa «L». (Ver notas sobre as fontes informativas dos
evangelhos, conforme referência em Luc. 6:14). Esta parábola também não tem
igual nos evangelhos, por causa de sua colorida descrição sobre o estado dos
homens após a morte física, descrição essa que só pode ser equiparada com as
descrições dos evangelhos apócrifos, segundo se vê, por exemplo, no evangelho
apócrifo de Nicodemos, nos capítulos décimo quinto a décimo nono. A narrativa
encerra dois temas distintos,
ainda que relacionados entre si: Os vss. 19-26 declaram que haverá uma reversão
de valores na vida vindoura, quando os pobres encontrarão recompensa e consolo,
ao passo que os ricos serão castigados. Encontramos aqui um tema similar ao da
passagem de Luc. 6:20,24, que diz: «Bem-aventurados vós os pobres, porque vosso
é o reino de Deus... Mas ai de vós, os
ricos! porque tendes a vossa consolação». A secção final, que consiste
dos vss. 27-31, assevera que o rico impenitente teve ampla oportunidade de
arrepender-se, que não se toma mister qualquer milagre de aparecimento de algum
morto para que haja arrependimento, visto que Moisés e os profetas são as
colunas da verdade, avisando a todos do julgamento ou da bem-aventurança da
outra vida, além do fato que sua mensagem tem sido universalmente propagada.
Provavelmente foi
o horror vacui que impeliu mais
de um copista a prover um nome para o anônimo rico. No Egito, a tradição de que
seu nome era Nínive, foi incorporada na versão saídica, o que também parece
refletir-se no manuscrito p75, — que diz πλούσιος όνόματι
Κενής (provavelmente um erro
escribal para Niveu-qs). Nos
séculos III e IV -----— era corrente uma tradição no ocidente de que o nome do
rico era Finéias. O tratado pseudo-cipriânico, De pascha computus, que foi escrito em 242/3, na África ou em
Roma, declara (cap. 17): Omnibus
peccatoribus a deo ignis estpraeparatus, in cuius flamma uri ille Finaeus dives
at ipso dei filio est demonstratus («Fogo tem sido preparado por Deus
para todos os pecadores, na chama do qual, conforme foi indicado pelo próprio
Filho de Deus, foi queimado o rico Finéias»), A mesma tradição se repete já no
fim do século IV D .C ., no último dentre onze tratados anônimos que são
costumeiramente atribuídos a Priscilo, um rico e bem-educado leigo, que se
tornou fundador de uma seita gnóstica no sul da Espanha. Aqui o nome é grafado
Finees (no único manuscrito restante do Tract
ix o nome é soletrado Fmeet, com
o «t» cortado e recoberto por um «s»). A razão pela qual o nome Finéias foi
dado ao rico talvez se deva ao fato que, no A.T. (Núm. 25:7,11), Eleazar (cf.
Lázaro) e Finéias aparecem associados. Uma nota marginal, em um manuscrito do
século X III D .C ., que traz o poema «Aurora», uma Bíblia versificada escrita
no século X II D .C . por Pedro de Riga, afirma Amonofis dicitur esse nomén divitis («O nome do rico se diz ser
Amonofis (i.e., Amenófls»).-
16:19: Ora, havia
um homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo, e todos os dias se
regalava esplendidamente. E possível que esta última secção pressuponha o
conflito do cristianismo primitivo com o judaísmo ortodoxo, em que o rico e
seus irmãos incrédulos representariam os judeus, ao passo que Lázaro, o pobre, representaria
a comunidade cristã perseguida e desprezada. O vs. 30 parece mesmo indicar tal
coisa, pois a questão da ressurreição é frisada com a asseveração de que nem
mesmo um acontecimento tão convincente como a volta de um morto ao mundo
dos vivos poderia convencer uma comunidade religiosa empedernida, sobre as
realidades espirituais, como a comunidade dos judeus. Também é possível que
tenhamos aqui uma reprimenda especial contra
os saduceus, que representavam a aristocracia judaica, e que negavam
abertamente a existência do mundo dos espíritos e da ressurreição, baseando
seus argumentos no fato de que tais doutrinas não são declaradamente
ensinadas no Pentateuco, livros esses (Gênesis, Êxodo, Números, Levítico e
Deuteronômio) que eram os únicos que eles aceitavam como canônicos. E as
declarações existentes nos salmos e nos profetas, sobre a ressurreição e a
existência após-túmulo, era ignoradas por não se encontrarem em material
canônico, conforme eles supunham. Por conseguinte, parece-nos que a segunda
parte desta parábola -vss. 27-31- representa uma repreensão contra o
materialismo dos saduceus. Porém, além disso,
precisamos ver que a mensagem se destina a indivíduos isolados, e não é
meramente uma repreensão contra uma classe. EXISTEM outras narrativas
semelhantes sobre o mundo do além, e
há uma antiga versão judaica, de um conto egípcio, registrado em papiro,
pertencente ao século I D .C., que é extremamente parecido. Essa história pinta
o elaborado e riquíssimo sepultamento de um rico, quando muitos se fizeram
presentes e lhe teceram louvores. Ao mesmo tempo narra o sepultamento de
um homem pobre, cujo corpo seguia para o sepulcro coberto apenas por um
colchão, sem nenhum acompanhamento. Um observador da cena comentou sobre a
grande vantagem de alguém ser rico, mas subseqüentemente teve ocasião de contemplar
cenas da vida além-túmulo, e ali viu o pobre vestido em trajes de linho do
rico, postado em um lugar de honra, ao mesmo tempo que o ex-rico sofria
tormentos por causa de suas más ações. Essa narrativa chega à sua conclusão com
a seguinte aplicação moral: «Aquele que é bom na terra, passa bem no mundo dos
mortos; e aquele que é mau na terra, passa mal». (Um elaborado monógrafo sobre
esta parábola, publicado em 1918 por Hugo Gresman, da Universidade de Berlim,
contém essa narrativa; e a opinião desse autor é que esta narrativa do
evangelho de Lucas teve sua origem nessa história egípcia). Parece haver nesta
narrativa uma tentativa de refutar a
crença de alguns de que precisamos de visões especiais ou de mensageiros
vindos do mundo dos espíritos a fim de informar-nos sobre as condições ali
existentes, porquanto os
escritos de Moisés e dos profetas nos fornecem informações suficientes sobre
esse assunto. Pelo menos poderíamos observar que as doutrinas concernentes à
existência vindoura não precisam depender dessas ou de quaisquer outras
revelações extras. Esta parábola, em
face de ter sido registrada em íntima proximidade com o ensino
referente ao correto uso das riquezas, nos versículos imediatamente anteriores,
também serve para elaborar um pouco mais esse ensino. Um homem bom e sábio será
recebido nas «habitações eternas», onde reina a alegria. Mas o rico tolo foi
tragado pelo «hades», onde entrou em um estado de sofrimentos. Ela também
mostra de quão pouco valor são os atos de ostentação diante dos homens, sob
pretensão de piedade, ao mesmo tempo que se é desaprovado diante de Deus.
Alguns
intérpretes têm abusado da mensagem aqui tencionada, afirmando que as riquezas,
por si mesmas, automaticamente condenam
a um homem, e quê a probreza; ipso
facto, é algo desejável e promove a piedade; e nisso justificam os seus
votos de pobreza, que algumas ordens religiosas incluem; «O intuito da
parábola, portanto, não é fornecer alguma instrução especial acerca da
retribuição futura, embora aceitemos agradecidos os
raios de luz que incidem sobre isso também; todavia, torna-se imediatamente
óbvio que a parábola inteira está velada nas vestes da escatologia judaica—mas
é proclamar a grande verdade que se alguém negligenciar na aplicação das
riquezas para propósitos beneficentes, essa falha haverá de tornar-se em motivo
de calamidade eterna. Até este ponto, esta parábola é o oposto da anterior, e
figura em conexão natural com ela». (Lange, in loc.). «... certo homem rico, que se vestia de p ú r p u
r a ... ». O rico tem sido chamado de Dives, que se deriva da tradução da LXX para o termo grego
«rico». A versão saídica chama-o de Nínive.
Também tem sido chamado de «Fines», na literatura que circulou pelo
século III D .C. «...púrpura ...»
Originalmente é um ser marinho do qual se extrai essa cor, e depois passou a
designar a própria cor. Na literatura antiga, esse nome era aplicado a três
cores distintas: 1 . violeta profundo, com uma coloração negra ou fuliginosa,
usada por Homero para indicar o mar; 2. escarlate ou carmesim profundo, que era
a púrpura de Tiro; 3. Azul profundo, do mar Mediterrâneo. A tinta era
permanente. Aqui a palavra se refere à cor da veste mais externa do rico. Plutarco declarou que Alexandre
encontrou no palácio real de Susã vestes que preservaram seu estado de novo e
sua cor através de um período de quase duzentos anos. (A declaração que há em
Is. 1:18: «...ainda que os vossos pecados são como a escarlate, eles se
tornarão brancos como a neve...», contém o vocábulo encontrado neste texto).
O «linho finíssimo» éo byssus, um linho egípcio que era
vendido por duas vezes o seu peso em ouro, e era usado como veste mais interna.
«Certos linhos egípcios eram tão finos que eram chamados de ‘ar tecido’»
(Vincent, in loc.).
Ao tato,
comparava-se com a seda, e autores gregos posteriores passaram a usar essa
palavra para indicar tanto tecidos de algodão como de seda. O material era
tremendamente caro, conforme é indicado acima, e era símbolo do estado de
abastança do rico nesta parábola. «...todos
os dias se regalava esplendidamente...». Literalmente, seria:
«...alegrava-se suntuosamente...» Ele empregava as suas riquezas para prover
para si mesmo o mais excelente entretenimento, e todos os dias havia alguma
diversão suntuosa, em meio aos prazeres e ao luxo. «Não lhe faltava coisa
alguma que seus apetites anelassem, que seus gostos fantasiassem e que o
dinheiro pudesse adquirir» (Brown, in
loc.).
Continua...
Rogério Silva
IEADERN: 042574, 26.07.2005
(84) 99120-9471 / 996228473
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